Desmistificando a Máquina Estatal - As Repartições de Finanças

Muito se fala em Portugal sobre as Repartições de Finanças. Uns perguntam o que são, outros, o cidadão anónimo, faz veicular a informação de que são antros de malandragem e que, reduzindo para metade o numero de funcionários por Repartição chegar-se-ia à conclusão que o efeito seria rigorosamente o mesmo. Haverá algum fundo de verdade nesta teoria ou será apenas fruto da “má-língua” de um cidadão que nem tem coragem para se identificar?
Como se desenrascam os franceses num país três vezes maior com três vezes menos funcionários públicos? Então e a loira da repartição Nº 3, aceitará sair comigo? O facto de ter comido as rosas brancas que lhe enviei significa alguma coisa?
Seja como for, é inegável que às vezes são precisas 3 pessoas para despacharem uma simples folha de papel; uma para atender, uma para assinar e outra para carimbar. (Podem ser 4 ser o carimbo for muito grande).
A meu ver, um dos principais obstáculos à materialização das nossas necessidades é a ausência de um Superior responsável. Já experimentaram exigir falar com o Gerente? Pois bem, raramente está e teremos de voltar noutro dia ou então, somos direccionados para um Chefe adjunto que nos ouve com muita atenção e nos informa que lamentavelmente não tem poderes de decisão e terá que consultar o seu Superior imediato que, infelizmente não está! Bem, passa-se o mesmo em todos os gabinetes públicos, razão pela qual, os Governos dos senhores Santana e Sócrates não olharam a despesas em nomeações de responsáveis administrativos. Contudo, ainda não são suficientes.
Outra situação que mexe com o nosso sistema nervoso acontece quando o Oficial que nos atende retira os óculos antes de se debruçar sobre o documento que lhe entregamos. Se precisa de lentes para ver, porque razão as tira? Tenho um amigo que, ao deslocar-se à Repartição da sua área, enganou-se e entregou ao balcão um boletim do Totobola. Quatro horas depois saiu com o talão de jogo preenchido, carimbado e assinado pelo Sub-chefe. Repetiu a acção durante dois anos mas não conseguiu mais do que um 12, facto que lhe valeu apenas uns trocados nos bolsos.
É certo que muitas das pessoas que nos atendem fazem-no com um sorriso nos lábios e são simpáticas. No entanto, poderemos confiar em alguém chamado Hermengardo? (...)
Na minha opinião nem todos funcionários públicos das repartições de Finanças são péssimos e maus profissionais, de forma alguma. Calculo que pelo menos 1% sejam trabalhadores briosos e levem o seu trabalho a sério.