SALMOS ERÓTICOS 4

A gaja enchia-me decididamente as medidas. Graciosa (bem... graciosa era um exagero) e toda equipada de vermelho; tope, mini e saltos altos, não esquecendo os dois lábios carnudos (ou seriam três?) rebocados com cores que me lembravam o Glorioso. Ofereci-lhe um jantar de lagosta suada que retraçou vorazmente até à última migalha não poupando sequer as rodelas de limão. Quando terminou, juntei uns pozinhos ao meu charme e ela estava pronta para ouvir as palavras mágicas.
- Então, Lola ou Lili, queres ir para a cama comigo?
- Claro, Beibi. Se tiveres 80 Euros contigo vamos já para o carro.
- 80 Euros! – Uma das pernas da lagosta que ainda descia à procura do estômago voltou atrás e veio alojar-se nas fossas nasais. As suas garras saltaram à vista pelas narinas – Tás maluca? Por esse dinheiro compro uma boneca e não tenho que lhe pagar jantar!
- Ò filho – retorquiu enquanto tentava desencravar um palito alojado entre o canino e o incisivo – Uma boneca não faz o que eu faço. Quando me convidaste para comer lagosta não pensei que fosse a sério. Pensei que usasses o termo como uma metáfora. Quero dizer, agradeço-te muito o jantar mas tenho que ganhar a vida, percebes?
- Uma lagosta como metáfora? Pelos Deuses! A seguir vais argumentar o quê? Que o Universo é finito?
- Não, mas o meu tempo é. – Olhou para o relógio – Como é? Queres faze-lo no teu carro ou nas traseiras do restaurante?
- Nas traseiras não dá e tenho uma Pizza com 2 dias no banco de trás do carro – começava a ficar desapontado – Mas Cristo, 80 Euros? Deves passar factura e estar a cobrar-me 50% de IVA! Também fazes Retenção na fonte?
- Ò filho, está descansado. Pelos 80 eu não retenho nada. Engulo tudo!
Escusado será dizer que não aceitei. Sou uma pessoa íntegra de valores e aqueles eram demasiado elevados para mim. Deixei-a com um empregado de mesa e quando vinha para casa dei comigo a pensar. “Por via das dúvidas é melhor ligar à brasileira da página 6 e perguntar-lhe o que ela entende por falta de carinho”.