Anatomia da traição

Porque trai o ser humano? Porque engana e rouba o mais racional dos animais? Porque temos de usar trancas nas portas e qual a razão das chaves, dos códigos e das armas serem uma parte extensível das nossas mãos? (pés, nalguns casos). O inato instinto de sobrevivência será por si só razão suficiente para justificar esta indómita humana vontade para fazer mal ao próximo? Assim fosse e estaríamos todos às dentadas nas pernas, uns dos outros! No entanto, não existem quaisquer provas que sustentam as alegações que José Sócrates tenha dado uma dentada na perna de Manuel Alegre depois de o rasteirar. Então… porque trai o Ser humano?
A história das traições terá começado quando o segundo Ser criado, Eva, fruto ilícito de uma relação conflituosa entre Deus e as costelas do primeiro, Adão, comeu inadvertidamente uma maçã do pomar do Criador. Quanto à gravidade do acto em si, as opiniões divergem; o certo é que Deus, talvez por ser a última maçã que tinha na Macieira e estar a guarda-la para depois do jantar, expulsou os dois do seu quintal e condenou-os a uma longa caminhada na Terra; descalços, claro! Alguns dias depois, Judas traiu Jesus. Por umas moedas? Como foi possível durante a última ceia nenhum dos participantes ter desconfiado do seu plano maquiavélico e atribuído os risinhos histéricos que soltava ao excesso de pimenta nos pastéis de bacalhau? Este seria o toque de partida para um non-stop de más acções que subsistiu até aos nossos dias.
Algumas das traições mais famosas:
O maior Imperador da história, Júlio César, foi traído e assassinado por um perigoso bando de algozes criminosos; os políticos que o rodeavam. Algures entre a nona e a décima facada, terá exclamado a célebre e misteriosa frase: “Tu, Brutus, também tu?” que, se presumia dirigida ao seu amigo Brutus. No entanto, recentes revelações que suportam a tese que Brutus terá sido aquele a desferir a segunda facada nas costas entre as segunda e terceira vértebras, levantou a poeira sobre o assunto; César não o viu. Tê-lo-ia reconhecido pelas costas?
Poucos meses antes da entrada dos Russos em Berlim, Hitler teve uma desavença com Eva Braun (a namorada, não a máquina depiladora) quando esta pretendeu rapar os pelos das axilas. O Furher acusou-a de traição, uma vez que tal gesto era, não só anti-germânico, como o cheiro que lhe saia debaixo dos braços era inspirador e lembrava-lhe os vigorosos soldados da Wermacht. Dias depois, o conflito foi sanado com uma resolução de consenso; Eva rapou apenas um sovaco deixando o outro ao gosto do seu amor.
Recentemente, temos o caso “Casa Pia”. É sabido que os arguidos do processo de pedofilia mais famoso da Europa fizeram o seu jantar de Natal e não convidaram Carlos Silvino, o homem que durante anos lhes organizou a agenda social. Esta traição é a prova inequívoca que Silvino se tornou persona non grata e todos os pedófilos o querem… ver pelas costas! (…)
Ainda mais recente; o pai de Cavaco Silva traiu todos os quadrúpedes existentes ao besuntar o filho com óleo Johnson, quando declarou que o seu rebento “É um catedrático e não um veterinário qualquer!”. Estou perfeitamente de acordo; também acho que não se devem confundir o médico com o paciente.
Nota: A conclusão deste estudo será publicada a 29 de Fevereiro