MANIFESTOS DO SURREALISMO

Foto: Será apenas uma sanita ou algo mais inatigível aos nossos olhos destreinados?
Sem tempo. Estou a ler os “Manifestos do Surrealismo” de André Breton. Um livro que nos remete implacavelmente para o campo da interpretação. Neste momento tento decifrar o significado de “Edições Salamandra”. A Salamandra será real ou figurada? E se for real, porque razão não responde às minhas cartas?
Para a corrente surrealista, os conceitos verdadeiro e falso, belo e feio, são tão sólidos como o nevoeiro da madrugada; as formas podem ser elásticas, distorcidas e os valores questionáveis, facto que agrada de sobremaneira aos arguidos do processo “Apito dourado”, porque o Surrealismo está para além da realidade cognoscível e é neste território longínquo que podemos encontrar políticos sérios, construtores civis honestos e dirigentes de futebol idóneos (…).
Eis alguns exemplos flagrantes de Surrealismo:
No desporto: Pinto da Costa conheceu a sua cara-metade, Carolina, numa festa de anos quando esta saltou do interior dum bolo de chocolate gigante apenas vestida com as roupas que a Fátima Lopes lhe deu; ou seja, nada. Foi tal o espanto com a aparição que alguém gritou “Virgem Maria”. Além disso, todos esperavam um moçambicano de tanga (já famoso nas festas de Durão Barroso). Enquanto uns zombaram por acharem que a rapariga fizera uma estúpida pintura borrada nos lábios, o líder do clube azulado reconheceu de imediato traços característicos de Salvador Dali que evoluíam em linhas paralelas do canto da boca até às orelhas, compreendendo que estava na presença de uma obra-prima em carne e osso e – já agora – lingerie comestível; apesar de ter hesitado nas pincelados dos olhos entre Kandinsky e um pintor de construção civil.
Na politica: Para um simples realista, Cavaco Silva não ri nem sorri e raramente graceja. Será mesmo assim? Um homem que ajudou a afundar um país e que foi corrido pelo mesmo povo que agora o aclama? Como poderia ele evitar a gargalhada? É obvio que ri, mas usando a cláusula surrealista. Por outro lado, José Sócrates, aplaude-se a si próprio sobre as maravilhas que faz ao país enquanto o desemprego aumenta e a inflação sobe. Este é mais um exemplo de Surrealismo no qual, a verdade, a mentira e a ilusão são sabores misturados numa pastilha elástica Gorila que se mastiga, estica, molda e faz balão até rebentar (…).
É verdade que o Surrealismo é parte integrante da nossa cultura. No entanto, ninguém olha para um Rene Magritte e diz: Que rica obra! Dá-me vontade de come-la com uma salada de tomates. Ou; Esta gaja da pintura é mesmo gira! Apetece-me sair com ela de mão dada! É no Realismo, no mundo real, que se podem comer um bom bife grelhado, saborear um bacalhau com natas ou fazer amor com uma linda mulher e fumar um cigarro no fim. Bem, no Surrealismo também se pode fazer amor; o problema seria que provavelmente a rapariga rebentaria quando se lhe acendesse o cigarro.
Bom fim-de-semana!