A queda dum Anjo
Quando o Doutor Pinto entrou no gabinete do consultório com um semblante carregado, depressa compreendi que as noticias não eram de todo as melhores. Vasculhou com cara de poucos amigos o monte de papéis e radiografias que trouxera consigo e despejara sobre a mesa, enquanto abanava a cabeça. Por fim, seleccionou uma folha de papel daquela parafernália e expirou profundamente.
- Francis, tenho más notícias para lhe dar. Você sofre de Sado-esquizofrenia-suicido-homicido-maniaco-depressiva masoquista e…
- E…
- Alem disso, tem Sinusite.
- Que merda, doutor. Quer dizer que para além de ter Sado-esquizofrenia-suicido-homicido-maniaco-depressiva masoquista, também sofro de Sinusite?!
- Receio que sim.
- Oh, merda! Que faço da minha vida? Poderei levar uma vida normal ou vou roncar todas as noites?
- Não desespere. Poderá levar uma vida perfeitamente normal, desde que siga a risca a medicamentação que lhe vou receitar. Vou passar-lhe uns Smarties, umas Pintarolas, uns Chupa-chupas, umas Gomas de framboesa e um Creme de avelãs para barrar os mamilos. Mas repito, terá que seguir as instruções a risca.
- E poderei mesmo levar uma vida normal?
- Claro que sim, homem! O senhor está doente mas não incapaz. Pode perfeitamente candidatar-se à Presidente dum Clube de futebol ou a presidência duma Câmara Municipal como a de Cascais ou Felgueiras. Ou, quem sabe, chegar a Ministro de Portugal.
- Acha que tenho condições mentais para isso?
- Pelo amor de Deus! Nós já tivemos um Ministro que dizia que a margem Sul era um deserto e outro que dizia que a crise tinha acabado quando ela mal tinha começado. Veja bem: O céu e o limite!
- Então e aquela vontade indómita que tenho em despir mentalmente todas as mulheres giras com quem me cruzo na rua?
- Também temos que tratar disso.
- E verdade, doutor. Tenho que parar com isto, até porque no outro dia, comecei a despir mentalmente uma fulana na Avenida dos Descobrimentos e quando lhe baixei as calças descobri que a gaja afinal tinha um instrumento do tipo daquelas salsichas alemãs do Lidl! Fiquei embaraçado. Voltei a vesti-la sem que desse conta e sai dali a correr. Na pressa, tropecei na bancada dum indiano que vendia cuecas a 5 euros por perna.
- Pois, isso vai ter mesmo que parar. Até porque não gosto da forma como fica olhando para a Recepcionista sempre que vem à consulta.
- Tem razão, doutor. Mas não consigo parar. A sua mulher é uma verdadeira brasa; E depois há algo nela que me fascina. Não sei se o desprezo com que me recebe enquanto lima as unhas e masca pastilha Gorila ou devido àquela mini-saia ridiculamente curta. O certo é que já apanhei um valente torcicolo só de olhar para ela.
- Mas sabe que isto não é bom.
- Claro que sei. Mas ponho sempre um saco de gelo e a coisa passa.
- Ó homem! Eu não estava a falar do saco de gelo no pescoço! Você não entende nada?
- Eu? Mas quem falou em saco de gelo no pescoço? Mas que espécie de médico é você afinal?
Nota do autor: É tudo ficção. Eu não tenho Sinusite.
- Francis, tenho más notícias para lhe dar. Você sofre de Sado-esquizofrenia-suicido-homicido-maniaco-depressiva masoquista e…
- E…
- Alem disso, tem Sinusite.
- Que merda, doutor. Quer dizer que para além de ter Sado-esquizofrenia-suicido-homicido-maniaco-depressiva masoquista, também sofro de Sinusite?!
- Receio que sim.
- Oh, merda! Que faço da minha vida? Poderei levar uma vida normal ou vou roncar todas as noites?
- Não desespere. Poderá levar uma vida perfeitamente normal, desde que siga a risca a medicamentação que lhe vou receitar. Vou passar-lhe uns Smarties, umas Pintarolas, uns Chupa-chupas, umas Gomas de framboesa e um Creme de avelãs para barrar os mamilos. Mas repito, terá que seguir as instruções a risca.
- E poderei mesmo levar uma vida normal?
- Claro que sim, homem! O senhor está doente mas não incapaz. Pode perfeitamente candidatar-se à Presidente dum Clube de futebol ou a presidência duma Câmara Municipal como a de Cascais ou Felgueiras. Ou, quem sabe, chegar a Ministro de Portugal.
- Acha que tenho condições mentais para isso?
- Pelo amor de Deus! Nós já tivemos um Ministro que dizia que a margem Sul era um deserto e outro que dizia que a crise tinha acabado quando ela mal tinha começado. Veja bem: O céu e o limite!
- Então e aquela vontade indómita que tenho em despir mentalmente todas as mulheres giras com quem me cruzo na rua?
- Também temos que tratar disso.
- E verdade, doutor. Tenho que parar com isto, até porque no outro dia, comecei a despir mentalmente uma fulana na Avenida dos Descobrimentos e quando lhe baixei as calças descobri que a gaja afinal tinha um instrumento do tipo daquelas salsichas alemãs do Lidl! Fiquei embaraçado. Voltei a vesti-la sem que desse conta e sai dali a correr. Na pressa, tropecei na bancada dum indiano que vendia cuecas a 5 euros por perna.
- Pois, isso vai ter mesmo que parar. Até porque não gosto da forma como fica olhando para a Recepcionista sempre que vem à consulta.
- Tem razão, doutor. Mas não consigo parar. A sua mulher é uma verdadeira brasa; E depois há algo nela que me fascina. Não sei se o desprezo com que me recebe enquanto lima as unhas e masca pastilha Gorila ou devido àquela mini-saia ridiculamente curta. O certo é que já apanhei um valente torcicolo só de olhar para ela.
- Mas sabe que isto não é bom.
- Claro que sei. Mas ponho sempre um saco de gelo e a coisa passa.
- Ó homem! Eu não estava a falar do saco de gelo no pescoço! Você não entende nada?
- Eu? Mas quem falou em saco de gelo no pescoço? Mas que espécie de médico é você afinal?
Nota do autor: É tudo ficção. Eu não tenho Sinusite.