Não desanimem (o pior está para chegar)

A quantidade de mails que recebo de leitores pedindo-me conselhos sobre a sua vida íntima são a principal mola impulsionadora que me leva a escrever estas palavras tão sábias quanto nulas. São pessoas dos mais variados quadrantes da vida nacional, embora a esmagadora maioria trabalhe na apanha da Conquilha e a pergunta mais frequente ter a ver com um Jerrican de gasolina e se terá consequências engoli-o todo de uma vez e depois acender um isqueiro, que me pedem ajuda porque, obviamente precisam e porque - mais óbvio ainda - não me conhecem.
Os índices de confiança dos portugueses estão muito baixos. Aliás para se ter uma ideia, basta dizer que a auto estima lusitana consegue estar neste momento num nível inferior à credibilidade do Ministro Mário Lino; ou que será mais provável chegarmos a casa vindos das compras e acharmos o Paulo Portas dentro do saco das Hortaliças, do que ver um cidadão nacional aos pulos de alegria – A não ser que seja um Deputado que acabou de se “reformar”.
O facto desta torrente de negativismo se voltar nesta direcção e ver na minha pessoa uma tábua de salvação, é não só motivo de orgulho mas também de responsabilidade acrescida por saber que o destino de tantos portugueses está nas nossas mãos.
Antes de mais, devo dizer que já passei por semelhante experiência, embora no meu caso, tenha metido duas massagistas orientais pelo meio, e inicialmente procurei ajuda a um terapeuta que encontrei na Feira de Carcavelos e que, 400 euros mais tarde me aconselhou a encontrar comigo próprio. Assim o fiz. Pelo menos tentei. Marquei encontro comigo na cervejaria do Rui mas, o outro “eu” nunca apareceu e tive que comer uma lagosta inteira sozinho. Eventualmente, encontrei-o um dia na rua. Desentendemo-nos e andamos à porrada. O que não percebo foi que tive a sensação que tinha ganho, mas no outro dia, acordei com os dois olhos negros.
Apesar da experiência pouco animadora, consultei o meu vizinho que é Budista profissional, embora faça um part-time numa sapataria de Segunda a Sexta, das 9 às 19.
Ele disse que não era o meu “eu” que deveria procurar mas o meu Zen.
Uma vez mais, procurei-o sem êxito durante 2 meses e quando voltei a consultá-lo pus os pontos nos “is”.
- Disseste-me para achar o Zen. Mas não achei nada. Fui ao fundo e… nada.
- Zen? Qual Zen? Eu disse-te para achares o Zé!... que estava ao fundo do corredor. Ele deve-me 100 euros! Olhem para este! Parece que é parvo!
Os livros de auto-confiança do Dale Carnegie também não surtiram efeito. É certo que apelam à nossa estima, mas convenhamos que um gajo continuar a sorrir mesmo quando está sendo morto a golpes de machado é um pouco excessivo em termos de positivismo. Ou um individuo chegar a casa depois de ser despedido do trabalho, ter o carro roubado e encontrar a mulher na cama com o seu pior inimigo, ter calma para dizer:
- O positivo disto tudo, é que o Banco só nos vem buscar a casa amanhã à tarde. Significa que ainda tenho a manhã livre para fazer o que mais gosto: Esmagar gafanhotos com a sola dos sapatos.
O que peço aos meus leitores é um mero exercício de raciocínio. Já alguma vez pararam para pensar que só pelo simples facto de estarmos aqui, desfrutando desta maravilhosa dádiva que é a nossa odisseia terrestre, significa que somos uns vencedores?
Para virmos ao mundo tivemos que ser os primeiros numa corrida de milhões. Dos milhões de espermatozóides libertados durante o acto reprodutivo, nós fomos os primeiros a chegar à meta. Como foi isto possível, se no meu caso, mesmo na escola nunca foi grande coisa em Atletismo? Eu ganhei a minha corrida! Embora, no meu caso, também saiba que tivemos algumas falsas partidas.
Acho que no final disto tudo, o que quero dizer é:

- Ò Chico, seu cabrão de merda! Pára de mandar e-mails! 500 por dia?!... E ainda não sabes porque a tua mulher fugiu com o Amola-tesouras??!!
Vai-te f…

Nota: O Barbiku vai fechar por tempo indeterminado. Neste momento é-me quase impossível manter o blogue e fazer as visitas devido a complicações de saúde envolvendo familiares. Voltarei tão breve quanto possível, para continuar e porque vou precisar da vossa ajuda (Não. Não vou pedir dinheiro).
Obrigado a todos!!!

Nota: As respostas aos mails estão com um atraso de 1 semana (o que nem é mau!!!)