Salmos Eróticos 7 (e último - desta vez é mesmo!)
- Bem, senhor doutor. Eu sou um pouco relutante a falar sobre este assunto… até porque da última vez que fui ao Hospital para me queixar das costas, fizeram-me um TAC à cabeça.
- Não posso crer! Que médico fez semelhante disparate?
- Quer dizer, não foi um médico, foram uns gatunos à porta do Hospital. Deram-me com um TAC na cabeça e levaram-me a carteira e o telemóvel…
- Estou a ver, estou a ver. Queixa-se então de dores nas costas e deseja saber porquê.
- Eu sei porquê, senhor doutor. Eu queria era uma pomada forte que me aliviasse a espinha.
- Pomada? Bem, pois… pode dizer-me, quais são as causas das suas dores?
- É muito embaraçoso. Tem que me prometer que a conversa não sai daqui!
- Meu amigo, por quem me toma! A confidencialidade médico-paciente está acima de tudo!
- Está bem… cá vai. Eu trabalho numa fábrica de martelinhos de Carnaval, está a ver? Bem, há dias tive que ir a casa da minha chefe, que eu já sabia, muito extrovertida, mas… afinal era bem pior. Descobri que é uma tarada sexual!
- Sei. É ninfomaníaca!
- Ah, conhece-a?
- Ah, não! Este é o nome que se dá a essa gente. Mas continue por favor…
- Bem, pois ela é isso e muito mais, senhor doutor. Ela coloca-me uma sela e… cavalga-me! Dá-me com o chicote! Usa-me nas suas provas de equitação pelo interior da casa.
- Caramba!... Então o senhor não se recusa?
- Eu recuso-me, mas então ela dá-me com as esporas no lombo e eu tenho que avançar… Depois, ela é minha chefe e… tenho medo de a contrariar…
- Isso é loucura, homem. Você não pode continuar assim porque não vai conseguir!
- Eu sei, senhor doutor! Eu sei, até porque nas primeiras duas barreiras a coisa ainda vai, mas quando chego à terceira; é uma dupla e nunca consigo passar!... Diga-me, que quer que eu faça.
- Bem… para já… não se esqueça de nada do que me disse porque vai ter que repetir tudo!
- Ah, tem algum colega especialista que me vai indicar?
- Não. Vai ter mesmo que contar ao médico. Eu sou o empregado da limpeza e estava aqui quando o senhor chegou. Mas olhe… é uma história do caraças! Espere até eu contar lá em casa! A minha Maria vai-se passar!...
- O quê?! Que merda é esta? Que raio de país é este? Que gosto mórbido é este que os portugueses têm se imiscuir na vida dos outros? Como é que este dia me pode correr ainda pior?!
O empregado de limpeza que se encontrava de saída, deteve-se à porta.
- Bem na verdade, apesar de não perceber muito de medicina, ainda há uma coisa que deve saber e que pode tornar o seu dia pior.
- O quê?!
- Isto aqui não é nenhum hospital. É uma clínica veterinária especializada em cavalos!